terça-feira, fevereiro 28, 2006

Cristóvão: Música Ligeira de Qualidade

Muitas vezes se associa à música ligeira o epíteto de "bacoca" ou inconsequente. No entanto, isso só é verdade quando estamos perante más composições musicais servidas por letras medíocres e por arranjos pouco ou nada criativos. Sabe bem, por isso, ouvir os dois discos que conheço de Cristóvão, um cantor português que se estreou discograficamente em 1971. As quatro composições presentes nos dois singles são todas elas da autoria de Carlos Portugal, com excepção apenas de Canção Deserta, escrita em parceria com Sílvio Pleno. Este último dirige também a formação instrumental que acompanha o cantor, com especial predominância da secção de sopros. A voz potente de Cristóvão serve na perfeição as canções a que se entregou, e o colorido dos arranjos faz-nos lembrar algum do melhor soul-funk que então se praticava nos E.U.A.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Simone - Os Primeiros Passos (1)

A carreira discográfica de Simone de Oliveira começou em 1958, quando a cantora tinha acabado de fazer 20 anos. Se hoje é uma voz admirada e respeitada no mundo do espectáculo, apesar de se manter longe da ribalta, as bases para esse reconhecimento podem ser encontradas no período em que gravou para as casas Rádio Triunfo e Valentim de Carvalho. Se, numa primeira fase, Simone cantou composições de nomes como Nóbrega e Sousa, Fernando de Carvalho, Alírio Covas, Jaime Filipe, Carlos Canelhas, Eugénio Pepe, Manuel Viegas, Frederico Valério ou Pedro Jordão, mais tarde levou a um novo público os talentos de Nuno Nazareth Fernandes, José Cid, Fernando Tordo, Pedro Osório ou Paco Bandeira; isto sem esquecer também as versões de êxitos internacionais do momento. Na sua evolução como cantora é, pois, paradigmática uma busca constante da dignificação da música ligeira, nunca estagnando artisticamente e alargando pelo caminho o seu espectro de admiradores.

Como curiosidade, refira-se que em 1961 foi publicado um disco de Simone com uma composição musical de Nóbrega e Sousa para uma letra escrita pela dupla Santos Fernando e Ferro Rodrigues, Fim de Estação. Enquanto que o primeiro destes autores construiu uma carreira literária na área do humor sarcástico (e que importa redescobrir), o segundo foi uma figura de primeiro plano do panorama radiofónico nacional nas décadas de 1950 e 1960. Infelizmente, Ferro Rodrigues, pai do ex-secretário geral do Partido Socialista, morreu no passado dia 15 de Fevereiro.

1959
Alvorada / Rádio Triunfo
MEP 60136

1. Amor à Portuguesa (La Portuguesa)
(Eddy Marnay - versão de Silva Tavares / E. Cofiner)
2. Tu
(António Sousa Freitas / Nóbrega e Sousa)
3. Nos Teus Olhos Vejo o Céu (Nel Blu Dipinto di Blu)
(Migliacchi - versão de Silva Tavares / Domenico Modugno)
4. Tu e Só Tu (Love Me For Ever)
(Pierre Delanoë - versão de Silva Tavares / G. Lynes)

Simone de Oliveira: voz
Tavares Belo: direcção de orquestra

Teófilo Rego: fotografia

domingo, fevereiro 26, 2006

O Quarteto 1111 e o Cinema Português

Tanto quanto sei, o Quarteto 1111 apenas participou na banda-sonora de um filme português. Foi em O Cerco, de 1970, com realização de António da Cunha Telles. Infelizmente, não vi ainda este filme, ora porque possa andar arredado da programação da RTP (que confesso não seguir religiosamente) ora porque a única vez que foi editado comercialmente foi na velhinha colecção de clássicos portugueses da Lusomundo (ando a procurar desenfreadamente um exemplar por todos os vãos-de-escada lisboetas...). Assim, mais não posso do que deixar-vos com uma bela fotografia de Maria Cabral, actriz principal do filme, e desejar desde já que a Lusomundo ou outra qualquer produtora se decidam a repor em DVD este pedaço do Cinema Novo português, produto de uma altura em que a Primavera Marcellista parecia fazer entrever algumas esperanças - mais tarde goradas...


sábado, fevereiro 25, 2006

A Origem

Sejam bem-vindos! Para marcar o início deste blog, escolhi um disco simbólico: o segundo single do Quarteto 1111. Editado num ano que só conheceria outro lançamento no mesmo formato (1969), Nas Terras do Fim do Mundo / Bissaide surgiu após 11 meses de ausência dos escaparates no que toca a novas edições do grupo, então constituído por José Cid (voz, teclas), António Moniz Pereira (guitarra), Jorge Moniz Pereira (guitarra baixo) e Miguel Artur da Silveira (bateria). O psicadelismo já desenvolvido em obras anteriores continua aqui em plena forma, com um lado A liricamente próximo das temáticas históricas tão caras ao grupo e um lado B repleto de energia soul-funk. Curiosamente, excertos sonoros e ideias musicais deste último tema serviram também de banda sonora ao genérico do programa televisivo Zip-Zip, então em emissão na RTP.

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