sábado, março 04, 2006

Na morte de Fernando Tavares Rodrigues

Soube hoje que o poeta, jornalista e professor universitário Fernando Tavares Rodrigues morreu na passada Quarta-Feira, com 52 anos incompletos. Morte demasiado jovem para quem tinha, decerto, muito ainda para dar ao mundo da Cultura nacional. Recordo-o especialmente do livro Concerto para uma Voz, de 1988, e dos poemas de sua autoria que José Campos e Sousa (membro fundador da Banda do Casaco) musicou. Neste momento de partida, e não pretendendo mais do que recordar o escritor através das suas palavras, aqui vos deixo o poema Fado Soneto, gravado no disco N. Sra do Carmo - Fado (1988), de José Campos e Sousa.

Fado Soneto

Cada manhã era a véspera da surpresa,
de silêncio em silêncio anunciada.
De encanto se tecia e de tristeza
essa noite cada vez mais desejada.

Do teu corpo prometido ainda o cheiro,
do teu ventre revelado ainda a chama.
A saudade do que foi um dia inteiro
na moldura do que foi a nossa cama.

Cada minuto um punhal impaciente,
cada gesto uma carícia antecipada,
cada suspiro um excesso de ar eloquente.

E a surpresa da surpresa desejada:
o sabor desse teu corpo adolescente
de mulher em cada beijo renovada.

Comments:
Passei acidentalmente por aqui e parei ... nesta referência/homenagem a um eloquente escritor / poeta ainda tão pouco divulgado na cena literária portuguesa.

Gostei !
 
Obrigado, Isabel, pela visita e pelas palavras! É verdade que a poesia do Fernando Tavares Rodrigues é muito pouco conhecida...
 
Tive o prazer e o privilégio de conhecer este Poeta, ao preparar uma Dissertação de Mestrado sobre a sua poesia. Trata-se, de facto, de um dos Poetas, cuja obra merecia ser amplamente divulgada. Sugiro XXI Sonetos de Amor, a sua última publicação.
 
Obrigado pela visita. Está prevista publicação da dissertação de mestrado?
 
Não publicarei a Dissertação. O Fernando merece muito mais. É uma pena que o João Braga ou a Kátia Guerreiro não o cantem, por exemplo.
 
Estou certo que merece de facto... Pois, são de facto escassas as composições musicais sobre poesia do Fernando Tavares Rodrigues. Fica a sugestão, para já!
 
Tive o prazer de conhecer o e ser amigo do Fernando e sou Amigo do José Campos e Sousa.
Cabe-nos a nós divulgar a poesia do Fernando, quanto a cantá-la, o Zé musicou-a e canta-a como ninguém,o Pinto Basto gravou os poemas do Fernando (rendas pretas, canção de amor) e não fez sucesso(excuso-me de comentar porquê)
pena o Zé não os cantar e editar e assim, estar no lugar que merece, o Fernando iria adorar lá em cima.
 
É de facto pena o José Campos e Sousa não gravar mais regularmente, pois que a sua voz e os seus talentos bem mereciam um maior reconhecimento.
 
Conheci pessoalmente Fernando Tavares Rodrigues e trabalhei com ele no Palácio Foz dois anos,tempo em que não deixou nenhumas saudades fosse a quem fosse ... porque perseguiu vários funcionários da casa, incluindo o seu próprio pai Jorge Tavares Rodrigues, que com ele estava de relações cortadas... e nem sequer se falavam ... como homem, portanto, muito a lamentar !!! como poeta a sua poesia parece-me banal e até muito primitiva, razão pela qual ninguém ou quase ninguém lhe pega, claro !!! por último como pessoa, como sói dizer-se e com todo o respeito, paz á sua alma.
 
Embora nao completamente, concordo com a descriçao que o Jose do Palacio Foz proporciona do mau-caracter do falecido. Ha uns 20 anos, eu fazia parte duma triade de amigos quase inseparaveis: o fernando, alessandro di franco (um diplomata italiano tambem prematuramente falecido), e eu. eu nao gosto de denegrir quem nao se pode defender e portanto nao contarei alguns factos desagradaveis acerca dele. mas como tampouco sou partidario do hipocrita "de mortuis nihil nisi bonum" limitar-me-ei em recordar um episodio: aquando do nosso sodalicio, o fernando e o alessandro eram solteiros, enquanto eu era casado mas separado, ate a minha mulher e eu decidirmos voltar juntos. bem, desde o primeiro minuto que ela tihna chegado a lisboa do estrangeiro e conhecera os meus amigos, fernando nao deixou de ser antipatico para com ela e, consequentemente, comigo, ao ponto que a nossa relaçao pronto desfez-se, nao sem o meu desgosto. nunca mais ele teve contactos comigo, durante a minha estadia em portugal, embora partilhassemos variados interesses, entre eles musica (nomeadamente classica e fados), universidade (literatura, sobretudo poesia) e jornalismo. quanto aos seus poemas, nao acho que sao inteiramente desprezaveis. ha passagens boas e amiude uma 'imagery' nao banal. se assim nao fosse, o celebre tio e escritor marxista, Urbano, nao teria tido uma certa estima de um sobrinho declaradamente conservador e ate monarquico. como è natural, porem, ha muito na sua obra destinado a ser totalmente esquecido, mas isso acontece com quase todos os artistas, excepto os grandes. e afinal o fernando - requiescat in pace - 'grande' nao poderia definir-se.
 
Trabalhei no Palácio Foz com o Fernando Tavares Rodrigues e concordo com o José quanto ao seu MAU CARÁCTER PERMANENTE dele. Aliás ele não seria ninguém se não fosse o cartão partidário PSD e só Deus sabe as cunhas que meteu para trabalhar no Palácio Foz, mas trabalhar e fazer alguma coisa NADA. Era um verdadeiro PARASITA À CUSTA DO ESTADO.
Como HOMOSEXUAL que era NÃO ASSUMIDO, perseguiu alguns homens CASADOS, que não foram na "cantiga" dele ... o que se me afugura UM NOJO. ele tinha o DIREITO DE SER HOMOSEXUAL, mas obrigar outros a serem ALTO. Enfim NÃO DEIXOU SAUDADES ESTE PANELEIRO DE MERDA NO PIOR SENTIDO, PORQUE TINHA MUITO MAU CARÁCTER ...
 
Conheci pessoalmente este sacana que me quiz por os palitos. Era seu Amigo de Verdade e um belo dia vi-o tão em baixo, mesmo a pedir dinheiro emprestado aos Amigos, que depois não pagava, que o convidei a ir jantar a minha casa. A certa altura minha Mulher teve de ir à cozinha e ele levantou-se da mesa e foi atrás. Já à mesa procurava encontrar os pés da minha Mulher para os tocar. Discretamente fui à também à cozinha e eis senão quando o vejo a por a mão em cima da minha Mulher ... passei-me completamente, a discussão começou e pu-lo na rua, só me arrependendo de não lhe ter dado uma tareia. Nunca mais o quis ver à minha frente porque me tentou trair ... apesar de eu saber que era paneleiro e dos grandes.
Mais tarde soube por um Amigo meu que no Palácio Foz fez por lá umas tropelias, desde apresentar facturas de almoços falsas, até perseguir maldosamente funcionários e gente de Bem. Dizem que por lá nunca fez nada, nunca trabalhava, chegando empre perto do meio dia e indo embora às 17 horas.
E por várias vezes foi-lhe pedida cópia do diploma universitário e nunca o apresentou, pelo que as suas habilitações literárias universitárias são falsas, pois ele nunca concluiu nenhum curso, só de paneleiragem. Por isso admiro-me que ainda haja gente que admire este grande filho da puta e lhe chame poeta ... só se for da treta.
 
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