segunda-feira, janeiro 08, 2007

"O Cerco" reeditado em DVD

Saiu recentemente em DVD o filme "O Cerco", de António da Cunha Telles, o que é algo de histórico no nosso país e, portanto, digno de realce. Como já tinha chamado aqui a atenção num outro post, a grande maioria do cinema português encontra-se "encerrada" nos cofres da memória (ou do ANIM, o que sempre é um pouco melhor...), e então quando chegamos ao chamado "cinema novo" o panorama é mesmo desanimador. Mas pelas mãos da produtora Animatógrafo 2, da filha de António da Cunha Telles, e da Costa do Castelo, temos finalmente no mercado "O Cerco". Filme premiado na altura, e com um enredo desafiador do status quo da moral burguesa e conservadora, não pode também deixar de merecer destaque a banda sonora. Se, por um lado, há a música de António Victorino d'Almeida, com um tema recorrente em que surge o saxofone solo de Vítor Santos (ex-Thilo's Combo), por outro há as canções originais do Quarteto 1111, que surgem nas cenas de discoteca e que tão interessantes as tornam. É curioso notar a escolha da língua francesa, já que em disco nunca o grupo de José Cid gravou nessa língua, tendo apenas escrito "La Mansarde" e "Emporte-Moi Loin d'Ici" para Tonicha, em 1968. A excelência das composições do grupo (nem outra coisa seria de esperar) faz mais uma vez pensar: para quando a edição da integral da obra do Quarteto 1111?

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Comments:
Caro Bissaide,
Sauda-se esta edição em DVD que mais um argumento para ter esperança que um dia muitos mais filmes Portugueses poderão ser dados a conhecer às gerações mais novas.
O problema de Portugal é não ter uma estrutura empresarial que aposte forte no mercado do audio visual na tradição anglo-saxonica.
A triste realidade em termos de reedições em CD E DVD é qualquer coisa parecida com os velhos monumentos e imóveis que se vão degradando de dia para dia até cairem por falta de reparações.
É mais fácil apostar no que é novo mesmo que sem qualidade.
Haja paciencia.
Bom regresso em 2007 com mais posts interessantes como estes.
Um abraço
José Tome
 
Pois, concordo inteiramente... Vamos tendo esperança e paciência...

Obrigado pelos votos e pela visita!
 
Amigo Bissaide,
Por acaso não conheço o filme em questão, mas é uma boa sugestão. Em Portugal só se divulgam os filmes que "interessa" e os grupos que "interessa", parece que há medo de visitar o passado. Nós não aterramos aqui, fazemos parte de uma história com pontos altos e baixos, mas não precisamos de fugir dela. Eu, por exemplo, em relação ao 1111, só conheço as canções emblemáticas. Aqui há dias, não sei onde, alguém mencionou a canção "Meu irmão" e eu pensei, não conheço, e depois lembrei-me e sei-a toda direitinha, as memórias de infância marcam-nos para sempre.Por isso recordar é viver. Acordem editores de Portugal e acordem esta juventude, que precisa de conhecer o bom do passado de Portugal!
BOM TRABALHO!
 
Obrigado, Maria José, mais uma vez! Por acaso, a canção "Meu Irmão" está em CD, mas o seu excelente lado B ("Ababilah") ainda aguarda tal distinção...
 
É pena que dos Quarteto 111 nºao haja praticamente nada em CD, se é que existe alguma coisa. Conheço músicas do grupo e tenho em CD uma gravação feita a partir do vinil do fabuloso disco "Onde, Quando, Como...". Bom blog e uma pergunta: para quando a tal enciclopédia de Rock Português?
.
http://toxicidades.blogspot.com
 
Do Quarteto 1111 sempre há alguma coisa em CD: o 1º LP deles, de 1970, foi reeditado em 1998. No que toca a colectâneas, a melhor é a de 1993, apesar de bastante incompleta. O excelente "Onde, Quando..." é que continua apenas em vinil, assim como muitas das faixas dos singles e EP's que editaram... Quanto à Enciclopédia da Música em Portugal no séc. XX, está para breve, segundo creio. Mais uns mesitos de espera e deverá estar cá fora. Um abraço!
 
blog deveras muito interessante. Retratas um Portugal mítico, mas pouco conhecido, das cores exuberantes, e da revolução social, e sobretudo com um link da wikipedia. Não é +para qualquer um.
 
Obrigado pela tua visita e pelas palavras. Devia postar mais, mas não é fácil arranjar tempo...
 
Quarenta anos depois do primeiro registo discográfico, o grupo português Quarteto 1111 - José Cid, Tozé Brito, Mike Sergeant e Miguel Artur da Silveira - vai ser biografado pelo jornalista António Pires. O livro será editado em Setembro pela Ulisseia. [JN]

16/07/2007
 
É verdade, vai ser um momento histórico! O Quarteto 1111 merece-o, sem dúvida.
 
Deve ser por vocação........toda a gente a falar de música. O assunto base era um filme, né?.........pois permitam-me, àcerca do filme sublinhar o excelente trabalho criativo do filme no que respeita a direcção de fotografia de Acácio de Almeida, e por acrescento, dotrabalho de câmara (alguma à mão ). Em tempos levantou-se uma polémica na terra dos filmes, sobre a reivindicação de co- autoria em certos trabalhos de Direcção de Fotografia, bem depois da feitura deste filme, mas......este exemplo reforçaria bem essa tese, bem como o trabalho de igual calibre em O Passado e o Presente de M.Oliveira.....digo eu!...mp.
 
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