domingo, novembro 11, 2007

"Mestre" em CD ou Portugal Mais Perto de Nós

Após uma longa pausa neste blog, achei que não devia deixar passar em branco o regresso aos escaparates de Mestre, o primeiro álbum dos Petrus Castrus, pela mão da Companhia Nacional de Música. Com o som brilhantemente remasterizado por José Fortes e com textos interiores de José Castro, Pedro Castro, Nuno Rodrigues, Tito Lívio e também deste vosso escriba, este é um momento de celebração.
Retrato de uma época em termos musicais e literários, Mestre constituiu um marco em vários âmbitos. Se por um lado marca a primeira união de monta entre o rock e a literatura portuguesa, por outro beneficiou das condições técnicas de gravação que os estúdios franceses do malogrado compositor Michel Magne situados no Castelo de Hérouville proporcionavam. A Sassetti, casa editora que então acolhia José Mário Branco, Sérgio Godinho e José Jorge Letria, além dos Xarhanga - grupo liderado por Júlio Pereira, que formaria após a sua saída dos Petrus Castrus - apostava então numa verdadeira alternativa à hegemonia da firma Arnaldo Trindade, do Porto, que acolhia o "grosso" dos intérpretes que questionavam o regime. No âmbito do rock, no entanto, distinguia-se de forma bem clara o trabalho do Quarteto 1111, que já desde finais da década de 1960 vinha vendo a sua obra cerceada pela Censura. O surgimento dos Petrus Castrus em 1971 e a edição dos seus dois primeiros EP's - cuja reedição está prevista para 2008 - marca o surgimento em Portugal do rock progressivo. Ainda que numa fase inicial se notasse a transição entre o psicadelismo de finais da década de 1960 e as sonoridades mais caras a esta corrente, Marasmo e Tudo Isto, Tudo Mais são, com todo o direito, os primeiros pilares do rock progressivo português. Mestre, por seu lado, desenvolve estas ideias de forma igualmente brilhante, constituindo-se como um trabalho que hoje, trinta e cinco anos depois da sua gravação, merece ser redescoberto. Aventuremo-nos!

Etiquetas: ,


Comments:
Olá, João.

Por acaso li no jornal que este disco ia ser reeditado (espaço estranho, não? Não vinha assinado....) e lembrei-me de vir ver se o teu blogue fazia menção ao facto. Pronto. Está respondido.


Ah, sim, no outro blogue, sim, referia-me à enciclopédia da música portuguesa. Como vai isso? Tens o meu contacto, se preferires escrever-me.

Abraço cá de cima.
(Eu pensava que os Xarhanga eram anteriores aos Petrus...)
 
quem são estes? nunca ouvi falar.

antónio
 
Estes = Petrus Castrus?

Há breves biografias aqui:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Petrus_Castrus

e aqui:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Petrus_Castrus
 
grande noticia!!
 
qual é a diferença dos dois links. Noutro blog referiam reeedições mencionadas na colecção publicada pelo Publico e pela EMI. Essa edição é anterior à saída de David Ferreira e Às mudanças na EMI por isso é provável que não venham a ser cumpridas pela emI
 
Enganei-me de facto no 2º link: http://www.novaguarda.pt/040505/g_opi2.htm

Quanto às reedições, é verdade o que dizes, mas pelo menos a do 1º álbum do Jorge Palma estará à venda a partir da próxima semana. A do GAC esperemos que seja também para cumprir, mas como anda prometida há mais de 5 anos...
 
Pois é, JCC.

Mas vamos a ver. Já passaste pelo http://dotempodovinil.blogspot.com/ ?

Penso que nos acalenta...
 
Sim, sim, o panorama parece vai-se enriquecendo aos poucos. Finalmente!
 
Grande notícia! Mas não consigo encontrar esta reedição em lado nenhum. Na FNAC não está em stock e não têm informação nenhuma. Já o viram?
 
hum, tenho de descobrir isso...
 
Edição miserável, feita por amadores! Ainda por cima atrelaram uma gravação feita agora. A indústria devia ter vergonha. Já viram as gravações da som livre?

António
 
Olá, de passagem pelo seu espaço esplêndido, deixo ficar votos de festas muito doces e felizes e de um 2008 cheio de boas realizações e boa música!
Saudações amigas da
Maria
 
Maria, mas não Maria José? Bem-vinda, quer seja a primeira vez ou não! Apenas posso lamentar não actualizar o blog com a regularidade que gostaria... Um bom Natal também!
 
Essa Maria não sou eu, na verdade; mas seja bem-vinda, poucas senhoras andam nestas coisas da música, não é? Ou estão "disfarçadas" com as alcunhas (eu não gosto de alcunhas; também não gosto muito do meu nome, mas não tive escolha...)
BOM 2008!
 
Olá,
Poís é, finalmente alguém abriu o olhos e decidiu editar (ainda que seja em formato digital...ou é também em vinyl!?) um dos discos mais importantes do rock progressivo, que por sinal é de um grupo Português.
É pena, segundo me disseram, que sái mais barato mandá-lo vir de fora (aqui ao lado, nuestros hermanos), que comprá-lo na Companhia Nacional de Música...infelizmente é assim.
Não me preocupo muito, porque felizmente, o tenho em vinyl, mas não deixa de ser triste saber que nem para nós, somos bons.
Senão vejamos o que aconteceu com o album dos Saga, Homo Sapiens, que teve de ser um Coreano a editá-lo em CD...
Quiçá o Ascenção e Queda, destes mesmos Petrus Castrus, mereceu melhor atenção por parte desse Coreano, do que cá para os nossos lados...
Já para não falar da obra-prima conceptual 10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte do José Cid...enfim, coisas a lamentar e que cada vez mais, acontecem.

Em todo caso, não deixa de ser positivo algum trabalho que ainda vejo por cá, como esta notícia (apesar da história do preço de nuestros hermanos), bem como a interesante colecção de Portuguese Nuggets que para comprar até ao nº4 (creio que até há data é o último editado pelo Galo de Barcelos), já nos vemos aflitos e que para não variar muito, aqui ao lado nuestros hermanos ainda o têm...
Reza a história que, dos 500 vinys editados de cada numero (pelo menos com os dois primeiros assim foi) 150 foram para Portugal e 350 para fora de Portugal (entenda-se, aqui para o lado, né!?).

Que giro, hein...ou antes, e esta hein?!

Bem, já se faz tarde...
Boas noites e boa musica para todos, desde aqui, Ilhas dos Açores
 
http://br.olhares.com/o_adamastor_foto251045.html

o modelo original
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?