terça-feira, maio 09, 2006

Psicadelismo Magrebino

Em 1968, é publicado o primeiro single do Quarteto 1111, depois de uma carreira iniciada no ano anterior com o histórico EP A Lenda de El-Rei D. Sebastião. A este disco, tinham-se seguido outros dois de igual formato e, tal como o primeiro, fervilhantes de criatividade e originalidade nas propostas musicais que apresentavam. O rock psicadélico que abraçava todo o mundo parecia, assim, estender-se plenamente a Portugal. Não que o Quarteto 1111 fosse caso único - outros exemplos havia nesses anos de 1967 e 1968, como a Banda 4, os Chinchilas, o Conjunto Hi-Fi, o Conjunto João Paulo, os Ekos, o Grupo 5, os Jets, o Quinteto Académico, os Sheiks, os Tubarões ou os cantores Daniel e Nuno Filipe, citando só os mais importantes - mas representava, sem sombra de dúvida, a consciencialização mais encorpada desta tendência musical no nosso país. Posteriormente, surgiriam outros grupos de semelhante valia, mas em 1968 só o Quarteto 1111 poderia arriscar "lançar às feras" uma composição como Ababilah. Lado B de Meu Irmão - uma canção de contornos mais "canónicos" e alvo, aliás, de versões por parte de José Cheta (em 1972) e dos Irmãos Catita (em 2002) - este tema é uma viagem àcida às terras do norte de África, oferecendo uma panóplia de sons distintos e estranhos à música ocidental. Instrumentos exóticos, processos que em tudo se assemelham - à nossa modesta escala - aos utilizados por George Martin e pelos Beatles em Tomorrow Never Knows (1966), vozes imperceptíveis, experimentação jazzística - tudo isto se conjuga para a criação de uma obra musical fora de série. Infelizmente, Ababilah tem andado arredado de todas as edições em CD da obra do Quarteto 1111 - aguardemos, pois o futuro poderá reservar-nos ainda surpresas, já que para o ano se comemoram os 40 anos de A Lenda de El-Rei D. Sebastião.


1968

Columbia / Valentim de Carvalho
45 ML 244

1. Meu Irmão
(José Cid)
2. Ababilah
(Quarteto 1111)

José Cid (voz, teclas)
António Moniz Pereira (guitarra)
Mário Rui Terra
(guitarra baixo)
Michel (bateria)

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Comments:
Bissaide, espero que já tenhas na calha uma proposta interessantíssima para apresentar ao Cid, à editora, às produtoras, whatever.
É que não podes deixar que se faça mais uma compilação incompleta da obra do Quarteto!!! Serias capaz de viver com esse peso na consciência?! ehehe
 
É verdade, é de facto um peso na consciência! Se não formos nós a contribuir para a divulgação do que é nosso, quem o fará? Não podemos ficar sentados à espera que lá fora nos descubram (e não é que há quem nos descubra mesmo?...) ou a lamentar-nos da partida de D. Sebastião para Alcácer Quibir...
 
Que tal um post sobre os Irmãos Catita/Lello Minsk e as suas referências ao passado luso quer nas versões quer na escolha das capas ou mais recentemente com o relançamento do Maxime?
 
Na revista Sábado desta semana vem uma entrevista com o José Cid.
 
Ah, já saiu então! Soube que essa entrevista tinha sido realizada há poucas semanas mas não sabia a data de publicação da mesma. Obrigado pela referência! cj, a ideia é boa, vou ver se consigo reunir material para escrever sobre ela!
 
Já há alguns anos que me tinha lembrado de fazer uma página sobre o Quarteto 1111. Não que seja dos maiores fãs mas porque achava que mereciam, porque em criança andava sempre a cantarolar o "Ontem Hoje e Amanhã" e porque andava numa fase de experimentar a fazer páginas na net, mesmo que semi-artesanais.

Já me tinha passado a ideia mas mais recentemente encontrei informação adicional em alguns blogs e no e-bay. Qualquer dia coloco a "criança" na net... Pelos dados que possuo este single é de 1969 por isso a indicação está errada. Também não sei se o Mário Rui Terra já estava no grupo porque nos textos que encontrei costumam colocar a entrada para o grupo em 1970.
 
Olá de novo. A ideia de colocar uma página sobre o Quarteto 1111 na internet é óptima. No entanto, é preciso ter cuidado porque as informações na net, na grande maioria dos casos, induzem em erro ou estão mesmo erradas. Infelizmente, raras são as vezes em que quem as elabora se dá ao trabalho de investigar de forma séria a história do grupo - isto quando não se limita pura e simplesmente a copiar os dados errados de outro local.

Este single é de facto de 1968 e, pelo que me foi possível apurar, conta já com a participação de Mário Rui Terra na guitarra baixo. O músico que entrou em inícios de 1970 para o grupo foi Tozé Brito, substituindo precisamente Mário Rui Terra.

Força com a ideia da página mas, mais uma vez, cuidado com a informação errada que infelizmente abunda!
 
Em 2007 teremos outra efeméride importante:

http://vejambem.blogspot.com/

2007 | ano José Afonso

2007 será o ano Zeca Afonso. Além de serem assinalados os 20 anos da sua morte, a Associação José Afonso (AJA) comemora 20 anos… de vida. A convite da Câmara Municipal de Setúbal (que cedeu as actuais instalações da sede desta associação), a AJA tem em execução um conjunto de diversas actividades em torno da vida e obra de um dos maiores vultos de sempre da MPP. Para além da grande exposição que será inaugurada por alturas do 25 de Abril, haverá também um colóquio centrado no ciclo “As Geografias do Zeca” e uma unidade didáctica que promoverá em todas as escolas do Distrito de Setúbal a aprendizagem da obra do cantautor. De acordo com Rui Mota da AJA, com esta iniciativa “procura-se que os alunos, através de aprendizagem, consigam identificar e aprender a obra do Zeca e o português através da suas canções”.
O Ponto mais alto das festividades, deverá ocorrer no final de Maio, princípio de Junho, altura em que terá lugar a realização de um mini-festival que “não terá as características do desaparecido Cantigas do Maio”, mas que se espera que seja o primeiro de muitos.
 
Aquando do espectáculo do Maxime também se falou de um possível tributo a José Cid ou a uma compilação da carreira de José Cid. Não sei se seria viável uma noca compilação pois ainda há poucos anos a Movieplay lançou um cd-duplo com os trabalhos para a editora e por outro lado parece-me que o músico foi regravando alguns temas à medida que ia mudando de editora. Esta última questão também é importante porque não serão os temas originais. Lembro-me do António Manuel Ribeiro ter dito que a versão do "Cavalos de Corrida" estava muito melhor tocada mas que as pessoas gostariam sempre mais da original.

No caso do Paulo de Carvalho saiu a Antologia na Movieplay e agora a Farol também lançou uma compilação. Não conheco os alinhamentos mas penso que a anterior era melhor apesar desta estar muito mais sucesso, graças à promoção farol-tvi e talvez à presença do músico numa das novelas da tvi.
 
A nova edição discográfica será preparada pela EMI e reflectirá apenas o período em que José Cid esteve na Valentim de Carvalho (1967-1977). Há também na calha um tributo, de facto, em possível co-edição EMI / Universal.

Quanto ao recente CD do Paulo de Carvalho, trata-se de facto de temas regravados, pelo que desse ponto de vista é realmente mais importante a antologia anterior da Movieplay.
 
Encontrei esta página mas ainda está em construção http://quarteto1111.no.sapo.pt/ penso que não seja a referida mais acima.
 
Não conhecia essa página, obrigado pela referência. Parece estar inactiva desde finais do ano passado, mas espero que reabra como referem.
 
A página já está online. Fica em http://q1111.no.sapo.pt e parece-me que não ficou mal. São corrigidas algumas informações erradas que andam pela Net e são acrescentados dados que só interessarão a mentes mais curiosas mas que fazem parte da história do grupo. Em anexo fala-se da carreira a solo de José Cid e dos Green Windows. Se tivesse localizado o autor da página http://quarteto1111.no.sapo não me tinha importado de fornecer os ficheiros em favor de mais actualizações e de outras informações.

A Revista Blitz deste mês tem uma entrevista com o José Cid. Na versão online da revista tem algumas fotografias. O Best-of altenativo já está na página. Ficam aqui os agradecimentos Às pessoas que colaboraram com a página directa ou indirectamente [e-bay, rockemportugal, bissaide, cotonete, blitz, A Arte Eléctrica, etc]
 
Parabéns pela página! Penso que conseguiste de facto repor a verdade em relação a muita informação falsa que circula por aí. Reparei que na biografia do José Cid referes um disco dele em 1969, "Lisboa Camarada", que na realidade não existe. De resto, vamos falando! Abraço
 
Parabens pela intenção pelo menos...Sou um fan dos 1111 etab gostaria de ver a sua obra toda reeditada ( pelo menos até à saída de Cid), não esquecendo que a dado passo o Quarteto 1111 se passou a chamar Green Windows....
No que toca a raridades do grupo:
sabias que o tema do genérico do célebre programa de televisão ZIP ZIP é tocado pelos 1111? E claro não há gravação oficial....
( por acaso tenho-a em CD depois de a gravar em k7 de uma reposição do Zip na RTP Memória....
 
Será que consegues arranjar-me cópia dessa gravação que fizeste? Falei no genérico do Zip-Zip no primeiro post deste blog, e é de facto pena não haver edição desse tema. Entra também o saxofonista do Quinteto Académico, o José Manuel Fonseca.

Quanto aos Green Windows, não foi bem uma mudança de nome, já que os dois projectos coexistiram desde 1972 até 1977 (apesar de o Cid ter abandonado ambos em 1975).

Pode ser que um dia surja a integral!
 
Acabo de ver o dinosssauro em S.João da Madeira,e fiquei cansado só de o imaginar eléctrico!Há 41 anos que não o via ao vivo e lembrei-me do João Bragança de Miranda...
 
Há 41 anos? Desde 1966? Isso é de facto um recorde!
 
Grande José Cid

ainda hoje ouço ou oiço (maldito portugues) as suas musicas.

Faça o favor de continuar.
 
Obrigado pelas palavras. Tenho mesmo que ver se consigo arranjar o tempo necessário... Grande José Cid, sempre!
 
Quem era o manager do Q111

Li o livro do antónio pires e fiquei super-curioso :)
 
O manager era o Rui Coelho Dias, que dá voz a "Prólogo", tema de abertura do 1º LP do Quarteto 1111.
 
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