quarta-feira, março 29, 2006
Mário Viegas Total

Impossível perder. Impossível passar ao lado. Mário Viegas continua vivo na sua arte de diseur e esta homenagem de José Niza e do jornal Público vem provar a todos isso mesmo.
Rifão Quotidiano
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
Mário-Henrique Leiria in "Novos Contos do Gin", Lisboa, Editorial Estampa, 1973
Etiquetas: Mário Viegas, Poesia
sexta-feira, março 17, 2006
A primeira vida de Carlos Alberto Vidal


Etiquetas: Carlos Alberto Vidal, Rock Português
domingo, março 12, 2006
Cantando Pessoas Vivas


O que aqui proponho, pois, é um simples exercício de comparação entre os dois textos. Apesar de as diferenças não serem em quantidade, não deixam de ser curiosas.
É Por Aqui Que Se Começa......................................Cantamos Pessoas Vivas
É por aqui que se começa:.........................................É por aqui que se começa
Pelas palavras simples................................................ Pelas palavras simples
Pelas pessoas vivas.......................................................Recusando a amargura
É por aqui que se começa:.........................................É por aqui que se começa
Pelas palavras simples................................................ Pelas palavras simples
Pelas pessoas vivas.......................................................Recusando a amargura
Nas margens do poema................................................Pelas pessoas vivas
É por aqui que se começa...........................................É aqui que se começa
Pela ânsia de respirar..................................................Pela fúria de começar
Com a voz em liberdade.............................................Com a voz em liberdade
Sem estilhaços no olhar..............................................Sem muralhas no olhar
.........................................................................................Cantando pessoas vivas
É por aqui que se começa...........................................É por aqui que se começa
Pela fúria de começar..................................................Pela fúria de começar
Usando palavras simples..............................................Usando palavras simples
Cantando pessoas vivas...............................................Cantando pessoas vivas
Mãos fechadas rente ao mar......................................Ensinando-as a pensar
E depois de começar....................................................E depois de começar
Embarcamos na canção................................................Embarcamos na canção
Sem pompas nem grandezas......................................Sem pompas nem grandezas
recusando a salvação...................................................Com o povo no coração
Para isso serve a canção.............................................P'ra isso serve a canção
Navalha de corpo inteiro...........................................Navalha de corpo inteiro
Para dar o golpe certeiro..........................................P'ra dar o golpe certeiro
Em quem lhe nega a razão........................................Em quem lhes nega a razão
Acabar também é simples;....................................... Acabar também é simples
Mais simples que começar:.......................................Mais simples do que começar
Desenhamos um país..................................................Desenhamos um país
Com o máximo rigor..................................................Com o máximo rigor
Sem pessoas nem fronteiras.....................................Sem pessoas nem fronteiras
E pomos-lhe no centro..............................................E pomos-lhe lá dentro
As palavras derradeiras.............................................Palavras certeiras
Para isso serve a canção............................................Cantando pessoas vivas
Para vencer a confusão.............................................É por aqui que se termina
......................................................................................Pelas palavras simples
......................................................................................P'ra isso serve a canção
......................................................................................Defininindo a situação
......................................................................................Cantando pessoas vivas
[versão publicada em livro]...............................................[versão gravada em disco]
Etiquetas: José Jorge Letria, Poesia, Quarteto 1111, Rock Português
sábado, março 11, 2006
Simone - Os Primeiros Passos (3)
Após ter perdido a voz, em 1969, Simone de Oliveira passa a trabalhar na rádio e só em 1972 volta ao mundo da canção. Curiosamente, fê-lo pela mão de José Cid e do Quarteto 1111, confirmando a sua vontade de mudança de repertório.
Em Novembro de 1972, data da publicação deste disco, o Quarteto 1111 era constituído por José Cid, António Moniz Pereira, Tozé Brito e Michel, e encontrava-se sem novos lançamentos no mercado desde o Verão do ano anterior. Esse compasso de espera terminou com Sabor a Povo, um single que quer no tema-título quer em Uma Nova Maneira de Encarar o Mundo anunciava já o som dos Green Windows. No entanto, as colaborações com outros artistas abundavam, como é o caso do disco de Simone que dá o mote a este texto, e nos mesmos dias em que é lançado o EP Glória, Glória Aleluia, são também editados trabalhos onde José Cid intervém ao nível da direcção musical - um EP de Vittorio Santos - e da composição - curiosamente, um single com a versão de Tonicha para Glória, Glória, Aleluia, que a cantora levou ao Festival Ibero-Americano de Madrid.
O disco de regresso de Simone conta assim com duas canções já divulgadas anteriormente - o tema-título e Retrospectiva, uma melancólica balada que fora editada no EP Camarada, de José Cid, nesse mesmo ano de 1972 - e com uma original, Hino do Amor. Não sendo um trabalho ousado a nível de arranjos musicais - nem tal se pretenderia, aliás - estamos perante um sólido conjunto de canções a que Simone de Oliveira oferece a sua voz agora quente e densa e em que chegamos a ter momentos de rock bem interessantes - precisamente em Hino do Amor, em que o grupo não deixa os seus talentos por mãos alheias.
O disco de regresso de Simone conta assim com duas canções já divulgadas anteriormente - o tema-título e Retrospectiva, uma melancólica balada que fora editada no EP Camarada, de José Cid, nesse mesmo ano de 1972 - e com uma original, Hino do Amor. Não sendo um trabalho ousado a nível de arranjos musicais - nem tal se pretenderia, aliás - estamos perante um sólido conjunto de canções a que Simone de Oliveira oferece a sua voz agora quente e densa e em que chegamos a ter momentos de rock bem interessantes - precisamente em Hino do Amor, em que o grupo não deixa os seus talentos por mãos alheias.

PEP 1422
(José Cid)
2. Hino do Amor
(José Cid)
3. Retrospectiva
(José Cid)
Simone de Oliveira (voz)
Quarteto 1111 (acompanhamento)
Etiquetas: Canção Ligeira, Quarteto 1111, Simone de Oliveira
sexta-feira, março 10, 2006
Memórias do Festival RTP da Canção (1)
Apesar de não haver paralelismo possível entre a importância e a repercussão pública do Festival da Canção dos dias de hoje e os realizados nas décadas de 1960, 1970 e 1980, não é novidade que a canção vencedora origine controvérsia e se reúna um número saudável de vozes que protestam contra a escolha. Na edição deste ano, que terminou há minutos, ficaram para trás concorrentes que poderiam chamar a atenção no Festival da Eurovisão, a realizar em Maio, pelo colorido, alegria e qualidade das canções - casos de Bem Mais Além, pelos Mariafolia (com letra de António Pinho, ainda ontem aqui representado com um texto da saudosa Banda do Casaco), e de Sei Quem Sou (Portugal), por Vânia Oliveira. A pateada à anódina canção vencedora trouxe-me à memória a declaração que Cândido Mota proferiu aos microfones do Rádio Clube Português a 6 de Março de 1968, após a vitória de Carlos Mendes, com Verão, no 5º Festival RTP da Canção:
"(...) apurou-se como representante do nosso País para um festival internacional uma canção que, de portuguesa, só tem o revestimento. Reflecte ela a procura desmesurada e cega de um som que se usa, que se consome. Aproveitou-se uma cadência rítmica que nos é estranha. (...) Uma acentuação melódica dos safanões para lhe dar um tom de pseudomodernidade (...), depois o intérprete encarregou-se de utilizar todos os tiques que constituem a débil encenação que se pretendeu montar."
Cândido Mota terminaria a sua alocução frisando as qualidades de Balada para D. Inês, o tema que José Cid levou à edição de 1968 do certame e com que arrecadaria a 3ª posição (ultrapassado apenas por Tonicha). Publicada no segundo EP do Quarteto 1111, esta canção - como A Lenda de El-Rei D. Sebastião, de inspiração histórica - era servida por excelentes arranjos orquestrais de Joaquim Luiz Gomes (figura incontornável da música ligeira portuguesa e autor de algumas obras menos divulgadas no campo da música erudita, hoje com 90 anos de idade) e era precisamente a canção de abertura do disco. Nas outras três composições apresentadas, confirmava-se a filiação psicadélica do grupo, bem patente em Partindo-se (sobre texto de João Roiz de Castelo Branco, compilado no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende) ou na singeleza folk de Vale da Ilusão (um tema baseado em textos Bíblicos). Dragão, regravado em 1971 no primeiro LP a solo de José Cid, continha já os gérmenes das letras vincadamente contestárias que o grupo apresentaria ao longo de toda a sua carreira. Das canções aqui presentes, apenas Vale da Ilusão não conheceu ainda reedição em formato digital.
Finalizando, desejo, obviamente, os maiores sucessos para Coisas de Nada, pelas Nonstop, no Festival da Eurovisão 2006, em Atenas. Seria bom que a opinião do público português e a dos presentes na sala se visse contrariada pela do júri europeu! Mas, depois de Lúcia Moniz e do seu sexto lugar em 1996, em Oslo, não me parece que o futuro nos traga surpresas positivas a esse nível...
"(...) apurou-se como representante do nosso País para um festival internacional uma canção que, de portuguesa, só tem o revestimento. Reflecte ela a procura desmesurada e cega de um som que se usa, que se consome. Aproveitou-se uma cadência rítmica que nos é estranha. (...) Uma acentuação melódica dos safanões para lhe dar um tom de pseudomodernidade (...), depois o intérprete encarregou-se de utilizar todos os tiques que constituem a débil encenação que se pretendeu montar."
Cândido Mota terminaria a sua alocução frisando as qualidades de Balada para D. Inês, o tema que José Cid levou à edição de 1968 do certame e com que arrecadaria a 3ª posição (ultrapassado apenas por Tonicha). Publicada no segundo EP do Quarteto 1111, esta canção - como A Lenda de El-Rei D. Sebastião, de inspiração histórica - era servida por excelentes arranjos orquestrais de Joaquim Luiz Gomes (figura incontornável da música ligeira portuguesa e autor de algumas obras menos divulgadas no campo da música erudita, hoje com 90 anos de idade) e era precisamente a canção de abertura do disco. Nas outras três composições apresentadas, confirmava-se a filiação psicadélica do grupo, bem patente em Partindo-se (sobre texto de João Roiz de Castelo Branco, compilado no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende) ou na singeleza folk de Vale da Ilusão (um tema baseado em textos Bíblicos). Dragão, regravado em 1971 no primeiro LP a solo de José Cid, continha já os gérmenes das letras vincadamente contestárias que o grupo apresentaria ao longo de toda a sua carreira. Das canções aqui presentes, apenas Vale da Ilusão não conheceu ainda reedição em formato digital.
Finalizando, desejo, obviamente, os maiores sucessos para Coisas de Nada, pelas Nonstop, no Festival da Eurovisão 2006, em Atenas. Seria bom que a opinião do público português e a dos presentes na sala se visse contrariada pela do júri europeu! Mas, depois de Lúcia Moniz e do seu sexto lugar em 1996, em Oslo, não me parece que o futuro nos traga surpresas positivas a esse nível...
Columbia / Valentim de Carvalho
SLEM 2304
SLEM 2304
1. Balada Para D. Inês
(José Cid)
2. Partindo-se
(João Roiz de Castelo Branco / José Cid)
3. Vale da Ilusão
(Jorge Moniz Pereira)
4. Dragão
(Jorge Moniz Pereira)
José Cid (voz, teclas), António Moniz Pereira (guitarra), Jorge Moniz Pereira (guitarra baixo), Michel (bateria)
Joaquim Luiz Gomes (direcção de orquestra)
(José Cid)
2. Partindo-se
(João Roiz de Castelo Branco / José Cid)
3. Vale da Ilusão
(Jorge Moniz Pereira)
4. Dragão
(Jorge Moniz Pereira)
José Cid (voz, teclas), António Moniz Pereira (guitarra), Jorge Moniz Pereira (guitarra baixo), Michel (bateria)
Joaquim Luiz Gomes (direcção de orquestra)
Etiquetas: Festival RTP da Canção, Quarteto 1111
quinta-feira, março 09, 2006
País: Portugal

Com corninhos e rabinhos e falinhas de paraíso
Por aqui andam bruxinhas em volta
Esvoaçando cavalgando em vassourinhas sem juízo
Portugal, nove milhões de humanos
País de florestas e de rios
De montanhas e de praias
De adufes fraitas e tambores
País de províncias, distritos e concelhos
De freguesias de cidades vilas e aldeias
Portugal de capital Lisboa
É pena capital pena seres apenas
A cabeçorra gigantesca e mal pensante
Que nasce entre as pernas do Tejo
É pena capital pena que em ti
Se escrevam os livros da incultura
Que em ti se diga a liberdade
Em bocas libertinas
Portugal
País fardado à força
País forçado à farda
País fadado à forca
Portugal, nove milhões de humanos
País de florestas e de rios
De montanhas e de praias
De adufes fraitas e tambores
País de províncias, distritos e concelhos
De freguesias de cidades vilas e aldeias
(texto de António Pinho para uma composição musical de Nuno Rodrigues)
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos. Por isso, hoje aqui fica a letra de uma das muitas excelentes canções que a Banda do Casaco nos legou, sem mais perlengas. Infelizmente, pertence a um dos seus dois trabalhos de longa-duração que nunca viu reedição em CD - o outro é Contos da Barbearia, de 1978. A ficha técnica desta música é a seguinte:
Miguel Coelho (violino)
Celso de Carvalho (stylofone, palmas)
Carlos Barreto (baixo eléctrico)
Tó Pinheiro da Silva (guitarra eléctrica, flauta)
Nuno Rodrigues (voz, guitarra acústica, palmas)
António Pinho (palmas)
Gabriela Schaaf (voz, palmas)
Rão Kyao (saxofone tenor, palmas)
Necas (bateria)
Etiquetas: Banda do Casaco, Rock Português
quarta-feira, março 08, 2006
O Percurso Singular de António de Macedo (1)



Sinopse:
Irene, agente duma companhia de seguros, é encarregada de investigar o desaparecimento de um velho bibliotecário, numa cidade cidade de província. No decurso das suas averiguações, trava conhecimento com Ricardo, professor de História, que conhecia a vítima e se interessa pelas tradições lendárias da região. Assim, Irene toma conhecimento de um antiquíssimo castelo medieval - cuja entrada secreta se abre, misteriosamente, na noite de Natal, durante as doze badaladas da meia-noite.
(fonte: http://www.amordeperdicao.pt)
Etiquetas: António de Macedo, Cinema Português
terça-feira, março 07, 2006
Simone - Os Primeiros Passos (2)
Imediatamente antes do disco que aqui apresentei de Simone há dias, a Rádio Triunfo publicara uma colectânea em que à nova artista se juntavam Maria de Lourdes Resende, Rui de Mascarenhas e Anita Guerreiro. Apesar de todos eles serem já nomes mais ou menos estabelecidos no panorama musical de então, Anita Guerreiro - conhecida do público actual como actriz de televisão - era a que mais próxima estava da geração de Simone de Oliveira. Assim, esta era a oportunidade de juntar duas vozes consagradas com outras duas de brilho mais recente, julgando assim a editora agradar a gregos e troianos. Por outro lado, o pop rock ainda não conquistara as editoras portuguesas, apesar de dentro de poucos meses (em 1959 ainda e em 1960) começarem a surgir os primeiros discos do Conjunto de Pedro Osório e do Conjunto de Walter Behrend (no Porto) e dos Conchas e de Daniel Bacelar (em Lisboa). Curiosamente, isto acontecia quando a carreira de Elvis Presley estava num impasse devido ao facto de o cantor se encontrar a cumprir serviço militar na Alemanha, ao mesmo tempo que os Shadows tomavam as tabelas de vendas de assalto, gerando imitadores um pouco por toda a parte.
1959
Alvorada / Rádio Triunfo
MEP 60135
MEP 60135

(Raul Ferrão)
2. Lisboa Antiga Anita Guerreiro
(Amadeu do Vale - José Galhardo / Raul Portela)
3. Uma Casa Portuguesa Rui de Mascarenhas
(Vasco de Matos Sequeira - Reinaldo Ferreira / Artur Vaz da Fonseca)
4. Sempre Que Lisboa Canta Simone de Oliveira
(Aníbal Nazaré / Carlos Rocha)
Sexteto Feminino
Tavares Belo: direcção de orquestra
Etiquetas: Canção Ligeira, Simone de Oliveira
segunda-feira, março 06, 2006
A Voz Esquecida de Teresa Paula Brito


1971
Movieplay
SON 100.011
1. Existem Pedras
(Maria Teresa Horta / Nuno Filipe)
2. Poema sobre a Recusa
(Maria Teresa Horta / Nuno Filipe)
3. Meu Aceso Lume - Meu Amor
(Maria Teresa Horta / Nuno Filipe)
Teresa Paula Brito: voz
Rui Ressurreição: arranjos, direcção
José Cid, Luís Filipe, Tozé Brito, Vítor Mamede: acompanhamento
Movieplay
SON 100.011
1. Existem Pedras
(Maria Teresa Horta / Nuno Filipe)
2. Poema sobre a Recusa
(Maria Teresa Horta / Nuno Filipe)
3. Meu Aceso Lume - Meu Amor
(Maria Teresa Horta / Nuno Filipe)
Teresa Paula Brito: voz
Rui Ressurreição: arranjos, direcção
José Cid, Luís Filipe, Tozé Brito, Vítor Mamede: acompanhamento
Etiquetas: Canção Ligeira, Teresa Paula Brito
domingo, março 05, 2006
Cinema Novo em DVD, já!

CINEMA NOVO
1. Dom Roberto (1962), de Ernesto de Sousa (música de Armando Santiago)
2. Pássaros de Asas Cortadas (1963), de Artur Ramos (música de Filipe de Sousa)
3. Os Verdes Anos (1963), de Paulo Rocha (música de Carlos Paredes)
4. Domingo à Tarde (1965), de António de Macedo (música do Quinteto Académico)
5. As Ilhas Encantadas (1965), de Carlos Vilardebó (música de Johann Sebastian Bach)
6. Mudar de Vida (1966), de Paulo Rocha (música de Carlos Paredes)
7. A Cruz de Ferro (1967), de Jorge Brum do Canto (música de Joly Braga Santos)
8. O Cerco (1970), de António da Cunha Telles (música de António Victorino d'Almeida e do Quarteto 1111)
9. Nojo aos Cães (1970), de António de Macedo (música de Avelino Lopes)
10. Grande, Grande Era a Cidade (1971), de Rogério Ceitil (música de José Jorge Letria)
11. O Passado e o Presente (1971), de Manoel de Oliveira (música de João Paes e Felix Mendelssohn)
12. O Recado (1971), de José Fonseca e Costa (música de Rui Cardoso)
13. Perdido por Cem... (1972), de António-Pedro Vasconcelos (música de Paulo Gil)
14. A Promessa (1972), de António de Macedo (música tradicional, recolha de Michel Giacometti)
15. O Mal-Amado (1973), de Fernando Matos Silva (música de Luís de Freitas Branco e João Aboim)
sábado, março 04, 2006
Na morte de Fernando Tavares Rodrigues

Fado Soneto
Cada manhã era a véspera da surpresa,
de silêncio em silêncio anunciada.
De encanto se tecia e de tristeza
essa noite cada vez mais desejada.
Do teu corpo prometido ainda o cheiro,
do teu ventre revelado ainda a chama.
A saudade do que foi um dia inteiro
na moldura do que foi a nossa cama.
Cada minuto um punhal impaciente,
cada gesto uma carícia antecipada,
cada suspiro um excesso de ar eloquente.
E a surpresa da surpresa desejada:
o sabor desse teu corpo adolescente
de mulher em cada beijo renovada.
sexta-feira, março 03, 2006
Psico ou as vicissitudes de um grupo rock em Portugal

Ao longo do resto da década de 1970, os Psico acolheram músicos como António Garcez (voz, futuro Arte & Ofício e Roxigénio), Fernando Nascimento (guitarra, ex-Grupo 5 e futuro Arte & Ofício), Álvaro Marques (bateria, futuro Jafumega), Sérgio Castro (guitarra, futuro Arte & Ofício). Em 1977, e após a morte do baixista Gino Guerreiro, o grupo é constituído por Toni Moura (guitarra), Filipe Mendes (guitarra baixo), Zé Carlos Almeida (teclas) e Álvaro Marques (bateria). Apresentam-se ao vivo no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, com o espectáculo cénico Epitáfio Sinfónico (que dedicam à memória do companheiro desaparecido), e no ano seguinte vêem finalmente publicado aquele que é o único disco conhecido do grupo. Trata-se de um single com as composições Al's e Epitáfio (excerto da obra anteriormente referida), um trabalho em que ficou bem patente a versatilidade e a técnica musical dos Psico. Infelizmente, apenas o primeiro destes temas conheceu reedição em suporte digital, através da compilação Biografia do Pop/Rock.
quinta-feira, março 02, 2006
Raul Brandão: 139 anos depois


Com a devida vénia ao site do actor Antonino Solmer, reproduzo esta imagem da encenação da peça feita em 1978 por Norberto Barroca e Carlos Wallenstein, no Teatro Municipal de São Luiz. Em primeiro plano, o saudoso Canto e Castro.
quarta-feira, março 01, 2006
Dórdio Guimarães ou como atrás de uma grande mulher pode estar também um grande homem


Mulher
No tempo dos cabelos agitas a paz em amor
Todos os dias por ti
O universo se faz e tu não sabes não
Amanhã a mulher joga a vida num vale de lilases
Dele irrompe cheirosa a flor
Que é pródiga em lis e lases
E serei tudo o que de mais fértil o teu ventre der
Mulher
Na estrada à noite não pode haver desacordo
Eia tanta gente amiga são as árvores